AS BRUMAS DE LAYON

Por: Elisabeth Maria de Souza Camilo

As brumas, chamadas névoas nestas terras,

descem até os telhados ancestrais

das ancestrais cidades de Minas

e cobrem as ruas, as montanhas, as pessoas

como os trajes sonhados pelas noivas virginais:

transparentes, leves e misteriosos véus

deixando apenas as formas, os vultos

do que realmente é…

 

Paisagem tão típica destas terras

por serem cercadas pelas serras,

sentinelas eternas e vestais,

as brumas transcendem as tempestades

pois umedecem e trazem poesias em plenitude

aos olhos do poeta…

Mulheres nas janelas, cidade triste

como se chorasse sem razão nenhuma.

Crianças prisioneiras de paredes e roupas

que não entendem mas acham lindas

as brumas lá fora…

 

Mãos hábeis, pincéis diversos, cores mil

e um artista pensando nas formas quase sem formas

das neblinas escorrendo pelo ar

do branco quase transparente inundando a praça

da eternidade do frio e da poesia

do vestido de noiva da natureza

da transparência sensual do dia

da noite mais fria e excitante…

E o poeta-pintor traça os primeiros riscos

do que será uma tela mostrando as brumas:

brumas de Londres, brumas de Avalon?

Não, as brumas leves e suaves que encontram

os olhos de quem pára diante da tela

e observa, pela primeira vez, depois de tantas brumas

que o envolveram, que até o surpreenderam pela beleza,

uma perspectiva das brumas de Layon!

 

 

Para meu amigo Elias, com carinho, pelo excelente trabalho que realiza, traduzindo nas telas virgens, a paisagem das brumas que envolvem nossas cidades tantas vezes.