A mão do escultor Elias Layon está a serviço da sensibilidade. O bloco de madeira, antes tosco, como num milagre, se deixa possuir por formas criadas pelo seu desenho imaginativo.
A madeira ganhou vida. As imagens vão surgindo e gerando uma narrativa aos olhos do espectador. Aparecem ora sozinhas, ora em grupo. E em cada personagem encarna-se um drama pessoal. Gestos, expressões faciais, movimentos das vestes e torções corporais acentuam a presença de uma história singular. O artista cria a anatomia, fazendo dos corpos o lugar onde a história sagrada se instala. Como cria a inserção dos personagens nos cenários de sua ascensão à realidade sagrada.
A policromia acentua a beleza das esculturas, ampliando a intensa interação entre cor e gesto, levando os espectadores a uma apreciação ainda mais fascinante das obras. Os cenários policromados e a interação entre as figuras ressaltam os mágicos efeitos de luz e de cor das esculturas, criando uma textura atraente e sensual. Isso porque a policromia serve para dar ênfase aos sentimentos incorporados aos personagens. A cor revela seu sentido espiritual, enquanto o movimento e a expressão revelam a dramaticidade expressa nas esculturas.
As forças gestuais das mãos, dos pés, dos olhos, em torções ora delicadas, ora intensas, são a consequência da arte de dobrar a madeira à invenção do escultor. Nos faz pensar na grande movimentação presente na tradição da arte barroca.
Layon resgata uma tradição singular, que soube unir a beleza da matéria ao sentido espiritual que se traduz na forma. O artista sabe que deve levar o espectador a experimentar através da forma o drama de seus personagens. Sabe também que a vida espiritual guardada dentro da madeira só as mãos do artista pode revelar.